sexta-feira, 5 de setembro de 2014

INTERVENÇÃO O III SIMPÓSIO DO EAJA

INTERVENÇÃO NO III SIMPÓSIO DO EAJA

Os trabalhadores da Rede Municipal de Educação de Goiânia organizados no SIMSED/Comando de Luta participaram e fizeram intervenções no Simpósio da EAJA ocorrido na quinta e sexta-feira da semana passada (28 e 29/08). A participação nesse evento foi elogiada por levantar questões importantes para a reflexão e debate.

Visão Geral

Em primeiro lugar, o evento demonstrou a falta de organização e seriedade da SME com essa modalidade de ensino. Fizeram um evento organizado nas coxas, com alguns debatedores convidados às pressas a apenas um dia de antecedência do evento. 

Em segundo lugar, realizaram mais um evento organizado de cima para baixo, sem a mínima participação dos trabalhadores na elaboração da pauta de discussão dessa atividade. Um fato corriqueiro que continua sendo perpetuado pela cúpula burocrática da SME. Cabe um destaque: o mesmo está sendo feito em relação ao plano municipal de educação, ou seja, está sendo elaborado sem qualquer iniciativa que preze pela participação. 

Consequência desse autoritarismo é um evento que provocou um debate inócuo que não atende aos anseios dos trabalhadores da educação e não contribui para a reflexão que contribua para o fortalecimento do EAJA/EJA. Problemas como evasão escolar e políticas públicas para essa modalidade de ensino não estiverem presentes na pauta formulada pelos burocratas.

Em terceiro lugar, temos que criticar a total incapacidade da SME organizar um evento que reúne todos os trabalhadores da rede e não consegue avançar minimamente na formulação de uma proposta concreta para o fortalecimento do EAJA/EJA. O evento não produziu nada de significativo, voltou-se para masturbações teóricas e desconsiderou questões reais e pertinentes para ação educativa. Não levaram em conta nem a troca de experiências entre os trabalhadores.

Sobre os debates

No primeiro dia aconteceu uma boa exposição de uma professora da UFG. Ela apresentou a origem do ensino noturno em nosso país e a necessidade de fortalecimento dessa modalidade de ensino. Muitos trabalhadores falaram e levantaram dúvidas sobre a exposição, mas o espaço para o debate foi pequeno.

No segundo dia, ao invés de se avançar a discussão proposta no primeiro dia, aconteceu um retrocesso. Uma professora do centro de formação defendeu uma tese baseada em concepções pedagogistas. A tese era que o PRONATEC representa um grande avanço para o EAJA pois representa uma saída pra emancipação humana devido ao seu vínculo com o mundo do trabalho. Não foi considerado pela palestrante nem as denúncias da precariedade de funcionamento do programa por falta de materiais e profissionais. Depois da fraca exposição inicial cinco representantes de escolas apresentaram experiências do trabalho com o EAJA. Apesar do empenho desses colegas o que ficou evidente foi a precarização do ensino noturno no município de Goiânia. Na experiência das escolas surgiram situações absurdas como um mesmo coletivo de professores trabalhando em duas escolas diferentes, salas multisseriadas, entre outras situações que demonstram o grau de precarização dessa modalidade de ensino. Ao final das exposições restaram poucos minutos para os trabalhadores debaterem e isto inviabilizou o aprofundamento do debate.

Conclusões

Ficou evidente que esse Simpósio foi mais um fracasso organizado pela SME. Mais um evento de faz-de-conta organizado de maneira autoritária. Fica claro o desinteresse em discutir seriamente os problemas da rede de forma a elaborar propostas mínimas para o fortalecimento do EAJA/EJA numa perspectiva que atenta os interesses populares.

Essa experiência nos conduz a necessidade de organizar atividades de formação e debates para além da pauta burocrática da SME. O EAJA/EJA precisa ter melhores condições de funcionamento e para tanto é preciso encontrar alternativas para discutir esta modalidade de ensino, já que os burocratas da SME demonstram sua incapacidade em atender aos anseios dos trabalhadores e da população, o que fica evidente no esmagamento proporcionado por meio de políticas quantitativas e economicistas para fechar salas e não melhorar a prática educativa. Acreditar que a SME irá tomar rumos diferentes é a completa ilusão. Torna-se cada vez mais urgente a reflexão para a ação!