segunda-feira, 1 de julho de 2013

REFLEXÃO SOBRE O PISO EM GOIÂNIA

Para reflexão dos companheiros e das companheiras que trabalham na rede pública municipal de educação de Goiânia 

Daniel Cardoso Ribeiro



Pensem: o município de Goiânia tem condições de pagar um valor muito maior do que o que está determinado pelo governo federal para ser o Piso Salarial Profissional Nacional. Lembremos que este piso foi estabelecido em 2008 pensando-se em municípios de capacidade econômica muito inferior ao de Goiânia. Nosso município é um dos mais prósperos do Brasil. É polo de atração de investimentos nacionais e internacionais, além de ser polo de atração de correntes migratórias de várias regiões do nosso país. Grandes grupos econômicos investem nos negócios da educação em nosso município. Por isso, não podemos andar atrelados a um valor que não corresponde a esta realidade.

Podemos até entender que um prefeito de certas regiões do país, com uma arrecadação menor que a de Goiânia, questione este valor por razões financeiras. Ainda que não seja aceitável qualquer desculpa para a não valorização de uma categoria profissional do porte dos trabalhadores e das trabalhadoras na área da educação. Mas é um absurdo que o poder executivo de nossa capital se vanglorie de acrescentar sete por cento ao valor do piso nacional e achar que devemos considerar isso como um grande ganho. Ainda mais absurda se torna a situação se lembrarmos que o chefe do executivo municipal foi eleito por um partido que se diz progressista e representante das classes populares. Não podemos esquecer também que existem ainda controvérsias a respeito do valor atual deste piso nacional.

É urgente, então, lutarmos pelo estabelecimento de uma política de valorização do trabalhador da educação do município de Goiânia, que inclua a criação de um piso municipal não atrelado à política de reajuste federal, mas com um índice próprio, discutido com a categoria, com critérios de cálculo claros e acessíveis, para não sofrermos mais a angústia de ficarmos esperando que “não sei quem” calcule o valor do tal índice e para que não tenhamos novamente mais surpresas desagradáveis como foi o final da novela do estabelecimento do índice de 2013.

Outro problema sério que temos que estar atentos: a educação é um grande negócio. Milhões de reais e até de dólares investidos nesse setor por grupos que não são nem originários do ramo. Planejam ampliar seus negócios e vêm que o ensino “dá muito dinheiro” e o retorno é garantido. O planejamento dessas pessoas é estratégico e inclui gestão e lobby junto ao poder público, no sentido de forçar o mesmo a tomar medidas que facilitem o bom andamento de seus negócios ou, pelos menos, a não interferência neles. Daí porque muitas das medidas tomadas pelo poder público são influenciadas pelos interesses de grupos econômicos interessados na manutenção do baixo nível educacional do setor público afim de que essa situação seja usada como um dos principais argumentos perante a sociedade para que esta busque o setor privado como alternativa para os que querem uma melhor qualidade em termos de educação.